sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Chovendo no molhado

Abro esta coluna com a seguinte declaração: “Não adianta querer procurar desculpas para a incompetência. A raiz dos problemas está na falta de amor ao Vasco. As pessoas que estão lá não possuem amor à instituição. Apesar da necessidade de ser profissional, isso não é uma empresa, é um clube. Precisa ter paixão, se envolver, renunciar algumas coisas pelo bem do clube. Faz parte do processo e isso não é feito pela atual administração”. Gostei mesmo quando li. Foi dada por Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco em entrevista ao UOL, e pode ser conferida na íntegra clicando aqui.


Não estou fazendo campanha para A ou B aqui. Não preciso disto. Mas não há o que questionar na declaração do ex-presidente. O momento atual reflete isso. Logicamente, no futebol moderno, os clubes tem que se transformarem em empresas para serem competitivos. Porém o Vasco hoje é um modelo a NÃO ser seguido. Não é uma empresa, e sim um instrumento para que empresários e outros lucrem. Não se preocupam com a instituição. O Sr. Carlos Leite, por exemplo, é o empresário de diversos jogadores do elenco atual, e vai aumentando seu leque com os jogadores da base. O que o Vasco está ganhando com isso? Nada!


O discurso da atual administração mudou assim que assumiram. Antes era fila de investidores, jogadores de renome e títulos. Agora, a culpa de fulano, pegamos o clube quebrado, vamos melhorar, o time é bom. Nada disto! Se insistem tanto em dizer e comparar com a administração anterior, mostrem o que fizeram para mudar isso. Acumulamos vergonhas e recordes negativos. Não conseguimos ganhar do Volta Redonda em São Januário. Temos um time que beira o medíocre. Desrespeito de jogador com o presidente. Enfim, poderia ficar aqui enumerando dezenas de problemas que nada transformaria essa administração melhor ou pior que a anterior. Se desejam comparar, veja na matéria do UOL citada acima o número e a importância dos títulos do Vasco quando Eurico Miranda era dirigente do clube e tirem suas próprias conclusões.


O Vasco está sucateado. Pior do que toda a devastação feita até então é não ter perspectivas de melhora. Eurico afirma que é preciso “renunciar algumas coisas pelo bem do clube”. Para mim, isso nada mais é que fazer o pequeno “esforço” de deixar de pagar dívidas para montar um elenco decente. Dívidas dos clubes cariocas são praticamente impagáveis. Há 11 anos atrás o Vasco era o mais temido do Brasil, com um elenco estelar que ganhava tudo, favorito em qualquer competição que entrava. Hoje o time do Vasco é bônus. São três pontos garantidos para os rivais. É o time pequeno com história de grande. Apequenaram o time e agora o fazem com a instituição. E não demonstram nem um esboço para mudar esse quadro.


O sonho de ter um ídolo na presidência virou o pior pesadelo da vida dos vascaínos. Os que lá estão judiam de quem está na arquibancada. Eles moram em apartamentos de luxo, muitos dos responsáveis pela “profissionalização” da gestão do clube nem vascaínos são. Eles não sofrem como a torcida. Não viram alvo de chacotas dos rivais. Mas criticar essa atual gestão já é o mesmo que “chover no molhado”.


Sem perspectivas, lamento que possa estar assistindo ao início do fim de um clube que já deu tantas alegrias a sua torcida. Contribuiu como nenhum outro ao futebol. Mas que está tendendo a se tornar apenas história se uma atitude de amor a instituição não for tomada. Se vira Dinamite. Ou apenas admita que falhou e não tente a re-eleição.

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