sábado, 3 de abril de 2010
Ôô Juninho, tá me ouvindo?
Juninho Pernambucano parece não escutar o clamor da torcida vascaína. O nosso último ídolo em atividade, remanescente de uma série histórica de conquistas afirmou que há “90% de chances de continuar no Catar”, frustrando a massa cruzmaltina mais uma vez. Entendo, de verdade, a opção dele. Lá realmente “tem menos pressão”. Se acertar cinco cruzamentos, ou fizer duas assistências e quem sabe um gol em qualquer partida, será sempre respeitado, afinal, o futebol dos Emirados Árabes tem um nível muito baixo em comparação à habilidade do craque.
Por outro lado, aqui no Brasil, errou três cruzamentos e não rendeu o esperado em uma partida e pode-se ouvir o zum-zum-zum nas arquibancadas, com muitas críticas. Aqui não é como lá. Isso é indiscutível. Pressão faz parte do cotidiano dos jogadores que atuam no futebol tupiniquim. No Vasco, a torcida incentiva muito, até pega menos no pé do que em outros times. Só protesta mesmo quando a situação está bem crítica (vide caso Dodô).
Juninho está mal-acostumado (no bom sentido) com uma carreira vitoriosa. Saiu do Vasco como bicampeão brasileiro (1997 e 2000), campeão do Torneio Rio-São Paulo (1999), campeão da Taça Libertadores da América (1998), campeão do Campeonato Carioca (1998) e campeão da Copa MERCOSUL (2000). No Lyon a rotina de títulos se manteve, foi hepta- campeão seguido (de 2002 a 2008). E em apenas uma temporada no Al-Gharafa do Catar já foi campeão nacional e da Star Cup. Pressão??? Não existiu na carreira do craque. De 1997 (início no Vasco) até hoje, só não ganhou títulos em 2001 e 2009.
São tantos títulos na carreira que me pergunto se ele tem norral em falar de “pressão”. E outra, ele está no patamar de ídolo eterno da torcida. Edmundo, ídolo com o mesmo status de Juninho, perdeu pênalti em mundial, entre outros fracassos, atuando pelo Gigante da Colina, e não me recordo de ter sido vaiado nas arquibancadas. O que quero dizer é que o Pernambucano pode vir tranquilo se a única preocupação for a “pressão” da torcida.
Lendo também as entrelinhas da entrevista de Juninho, vi uma verdade dura e incontestável: “Vasco da Gama é a minha antiga equipe, que passa por dificuldades há 10 anos”. Ano passado, quando a diretoria tentou trazê-lo para a reestruturação do “novo Vasco”, estávamos na segunda divisão. O clube voltou à elite do futebol. Não precisamos de Juninho, mas também, não seguimos o exemplo de sucesso de outros grandes que caíram e se reestruturaram no ano seguinte. Não montamos um time de ponta. Talvez, se a diretoria tivesse realizado contratações de peso, formando um time mais consistente e competitivo, facilitaria a vinda do ídolo. Mas isso não é desculpa, e darei exemplos:
Juninho não quer manchar sua carreira vitoriosa na sua despedida do Vascão, como fizeram Pedrinho e Edmundo em 2008, fechando um ciclo de conquistas com um vergonhoso rebaixamento. O coração de Juninho quer voltar, mas a razão não deixa; palavras dele. Para a torcida sempre valerão os atos de seus ídolos, que forem movidos pela paixão. Se Edmundo agisse com a razão em algum momento, não seria o ídolo que é. Ídolos de verdade, Juninho, sempre se comportam como a sua torcida, movidos pelo coração, independente de credo e cor.
Edmundo e Pedrinho são exemplos disso. Serão ídolos eternos, pois não fugiram à luta. Doaram-se com o coração, de peito aberto na dor e no amor. Acovardar-se será sempre mais desastroso perante seus fãs do que tentar.
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