sábado, 29 de janeiro de 2011

A hora da virada ou do fracasso

O atual presidente Roberto Dinamite afirmou ontem que nunca tinha vivido um momento tão difícil como esse. A meu ver, esse pode ser “O Momento” Sr. Presidente. A crise está acontecendo no momento mais oportuno, no início da temporada, quando as competições mais importantes ainda estão distantes no calendário. Esse pandemônio que se tornou o Vasco hoje pode, se o presidente quiser, se transformar em apenas uma “marolinha” como já disse outro presidente. Dinamite tem em mãos não um problema, e sim uma oportunidade de, enfim , consertar todos os erros e preencher as expectativas da torcida.

Suas primeiras atitudes foram corretíssimas. Demitiu o treinador e afastou os “cabeças” de um motim claro e vergonhoso, demonstrando atitude e mostrando quem manda na colina. Parabéns Dinamite - por ter feito o que é a sua obrigação - e não se omitir e se esconder através de declarações “em cima do muro” como sempre.


Esse pode ser o momento divisor de águas. Ou o Vasco volta a se agigantar, ou se apequena e acomoda. A contratação de um treinador de nível seria o primeiro passo. O segundo é admitir que o elenco é fraco, limpar os pernas-de-pau, e trazer jogadores de alto nível para a disputa das competições nacionais e da sul-americana.


E vamos ser sinceros presidente, não estamos cobrando nada demais. Nada daquilo que o torcedor espera de um clube do tamanho do Vasco e nada além daquilo que foi prometido por você em campanha. Chega “mi mi mi” e traz o meu Vasco de volta!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Acabou!

Sim, é o fim da paciência. Me segurei diante dos dois primeiros resultados ruins. Parei mesmo antes do fim do Brasileirão 2010. Não queria que este blog ficasse taxado como um muro de lamentações. Mas não tem jeito, o time colabora para isso.

Três derrotas consecutivas para times pequenos no Carioca 2011 eu nunca tinha visto. Da última vez que aconteceu, foi há 3 meses antes de eu nascer. Nunca precisei passar por tamanha humilhação. Ontem saí para beber e assistir ao jogo, fiquei triste em ver a decadência de um time. Até mulambos que estavam em mesas ao lado, entre uma piadinha e outra, se revoltavam com a situação atual do Vasco. É lamentável!


Não sei quem afirmou que o Vasco tinha uma boa base para esse ano. Vasco tem um time torto, cambeta, que parece um bando quando ataca, não marca nada, e a defesa entrou em pane. Fernando Prass ontem foi o total reflexo do momento. A muralha mais parecia uma peneira. O time está com o psicológico horrível, se tomar um gol antes de fazer, desanda ainda mais.


Lamentável também essa diretoria. Não toma uma atitude, não comete a “loucura” de contratar jogadores que realmente mereçam estar com a cruz de malta no peito, não demite um técnico desgastado por não ter dinheiro para multa rescisória, não toma uma atitude com o elenco, fica no mesmo discurso, como se palavras superassem atitudes no delicado momento que passamos; que vê os rivais se matarem por reforços descentes e sofre para contratar desconhecidos que ainda não mostraram a que vieram; que faz apostas nas contratações, como se o Vasco fosse um cassino, enfim, a gestão atual fracassou.


Somente o marketing funcionou. E por pouco tempo. Duvido lançarem alguma campanha nos moldes de “O sentimento não pode parar” agora. Torcedor não é burro. Somente sentimentos negativos tomam conta da maioria da torcida agora. Ódio e vergonha são os mais representativos. É um momento que só desejaríamos para mulambos, fora eles, torcedor nenhum merece passar por essa humilhação.


Dinamite, faça-nos o favor de não concorrer à reeleição. Admita seu fracasso. Deixe o Vasco longe de suas mãos podres. Em quase 3 anos da sua gestão passamos as maiores vergonhas da história do time. O Vasco está perdendo mais um ídolo. Você arriscou essa vaga para ficar marcado como o presidente que mais apequenou o clube. Os outros tiveram seus erros, mas ninguém conseguiu errar tanto seguidamente e insistir nos mesmos.


Escolhi escrever esse texto antes da vergonha maior que se aproxima: de ser goleado por mulambos no domingo. Achei melhor para manter um nível alto por aqui.


Dinamite, pede pra sair. Já deu! Ninguém te suporta mais. Seu amadorismo e incompetência refletem no campo e nós torcedores é que sofremos. Chega! Fora Dinamite!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sul-americana e olhe lá!


O Vasco não vai para a Libertadores ano que vem. Fato. Poderia ir, se o time tivesse entrosado há algumas rodadas atrás. Iria se tivesse ganhado pelo menos cinco partidas das 14 que empatou até agora. Disputaria o título, senão tivesse esperado chegar perto do fundo do poço para contratar. Enfim, não almeja mais nada no Brasileirão 2010, só cumpre tabela, não podendo vacilar, para que não fique também sem o prêmio de consolação, a vaga na Sul-americana da próxima temporada.

Restam apenas oito rodadas; 24 pontos em disputa; quatro jogos fora e outros quatro com o mando de campo, sendo dois clássicos (mulambada domingo 24/10 e Flor 07/11); além dos confrontos contra Cruzeirenses, bambis e gambás. De médios e fracos, somente Vitória, Ceará e Prudente pela frente. Será um fim de campeonato tortuoso para o Gigante da Colina, que a meu ver, conquistará no máximo a metade dos pontos em disputa a partir de agora.

Outro agravante são os diversos desfalques. Atualmente o estaleiro conta com a presença de: Nilton (só retorna em 2011), Ramon, Fágner (deve voltar domingo), Max, Carlos Alberto e Caíque. Não há um lateral-esquerdo disponível (Ernane não conta nem como gandula), Carlinhos está suspenso (expulso no último jogo) e Jumar, que poderia atuar por ali, também não enfrenta a mulambada domingo, pois levou o terceiro cartão amarelo. A situação atual tem tudo para dar errado.

Faltaram neste ano o que sobrou na Série B, vontade e liderança. Cazalber ano passado chamou a responsabilidade pra si e contagiou o grupo, que conquistou o objetivo inicial sem muitos percalços. Em 2010 faltou esse espírito no Brasileirão. E agora, na reta final, o sentimento (que deve parar), é o de frustração. Mais uma vez. O Vasco não conseguiu ter competência para galgar algo maior. O elenco não é fora de série, mas, a meu ver, não fica atrás do Cruzeiro, por exemplo, atual líder da competição.

O Brasileirão 2010 já acabou, agora é cumprir tabela e ficar com o prêmio de consolação. E que, mais uma vez (já estou cansado de dizer isso), fica a lição para o próximo ano. Pelo menos ganhem da mulambada domingo, para que os torcedores possam tirar sarro dos rubro-negros.

Volto aqui somente para fazer o balanço do ano, lá perto do fim do campeonato. Sem motivação para escrever sobre tal tema. Abraços!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Problemas diferentes com finais provavelmente iguais

Voltei após muito tempo ausente.

Para início de conversa, explico que a ausência de Zé Roberto no último post foi providencial. Até ali, nenhum dos reforços “importados” não tinham estreado, e confesso que ele era o único que temia. A empolgação de ver o Vasco novamente contratando grandes nomes levou tanto esse humilde colunista, como toda a torcida, a acreditar que podíamos mais este ano de volta à Elite do futebol. Porém o tempo me mostrou errado.

Mudando de assunto.

Parece ironia a situação do Vasco hoje na tabela, há quatro pontos do Z4, tendo grandes nomes em seu elenco. Lembro que em 2008, ano do rebaixamento, nosso ataque não tinha problemas em fazer gols. Caímos porque a zaga era horrorosa. Não tínhamos um meio campo brilhante como tem potencial de ser o atual. Enfim, o time em si tinha condições de ser rebaixado.

Nosso ataque, há dois anos, era formado por Alex Teixeira (em grande fase), Leandro Amaral (mercenário, mas também em grande fase) e Edmundo (sem comentários). Gols não era o problema, e sim a zaga. Para se ter uma idéia, o time terminou aquele campeonato com saldo de -17. Foram 55 gols prós e 72 contra. Após as 38 rodadas, o Vasco acumulou 11 vitórias, sete empates e 20 derrotas (isso mesmo, 20!).

Para fazer um comparativo, o Gigante da Colina hoje tem a melhor zaga da competição, com apenas 24 gols sofridos, dividindo esse posto com o Internacional-RS, que está em 4º na tabela. A pior atualmente é a do Atlético-MG, penúltimo colocado, com 47 gols sofridos. Tudo isso principalmente graças a grande fase do zagueiro revelação, Dedé. Em contra-partida, o ataque cruzmaltino atual só tem 23 gols pró, à frente apenas do lanterna da competição, Grêmio Prudente, com 21.

Os números provam que o problema não estava no ataque. Por exemplo, goleou o Atlético-MG por 6x1 em São Januário, mas levou goleadas elásticas também. Exatamente há dois anos atrás, 28 de setembro de 2008, o cruzmaltino perdia de 3x1 para o Ipatinga no Ipatingão. Edmundo marcou para o nosso lado.

Hoje o Vasco tem o Santos pela frente, na Colina Histórica, com o nosso time todo desfalcado. A zaga não vem sendo nosso problema, e sim o meio para frente, onde no papel, teríamos a nossa força, afinal, foram os setores mais reforçados este ano. Ao contrário do ano da mancha em nossa história.

Veja a seguir os elencos em 28 de setembro de 2008 e o que deverá entrar em campo hoje, e faça você mesmo suas conclusões:


2008:

GOL Tiago
DEF Eduardo Luiz
DEF Fernando (MEI Pedrinho)
DEF Jorge Luís
LAT Baiano (LAT Eduardo)
LAT Valmir (MEI Mateus)
MEI Johnny
MEI Mádson
ATA Alex Teixeira
ATA Edmundo
ATA Leandro Amaral
TÉC Renato Gaúcho


Atual:

GOL Fernando Prass
LAT Fagner
DEF Cesinha
DEF Titi
LAT Max
MEI Jumar
MEI Fellipe Bastos
MEI Felipe
MEI Zé Roberto
ATA Rafael Coelho
ATA Éder Luís
TÉC Paulo César Gusmão


Para citar mais um fato contra o time de 2008, o técnico Renato Gaúcho assumiu o time perto do fim do campeonato, em situação já complicada. Ao contrário de PC Gusmão, que pegou o Vasco no início da competição, e ainda teve a pausa para a Copa do Mundo para implantar seu trabalho com calma.

Enfim:

A situação é totalmente inversa. O que era ruim está bom, assim como a parte que era boa está ruim. O final, este sim, tem de ser o inverso. A torcida, cega da conclusão triste iminente, lotava os estádios para apoiar seu time aquele ano. E hoje, no jogo contra o Santos, não será surpresa ver São Januário vazio, reflexo de torcedores conscientes, que já viram esse filme antes.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sinto o cheiro de título no ar...

Dinamite finalmente sentou na cadeira de presidente. Após o fiasco no Carioca 2010 e da 19ª posição no brasileiro com apenas cinco pontos ganhos em sete jogos, o presidente eleito através do clamor dos torcedores por mudanças sentiu o peso que é dirigir o Vasco da Gama. A torcida não perdoou o péssimo início no brasileiro e partiu para o protesto. Invadiu treino, fez protestos nos estádios, vaiou, berrou "time de segunda", pixou, pintou faixas e fez tudo o que tinha o direito (e o dever) de fazer, afinal, o trauma da segunda divisão foi o suficiente para o torcedor que estava acostumado às conquistas nacionais e internacionais perdesse, com razão, a paciência e colocasse o dedo da diretoria na tomada.

O fantasma de um passado recente voltou a sondar a Colina, e o camisa 10 mais famoso do clube se viu em sua situação mais difícil em quase dois anos de gestão. E a pressão dá indícios que foi ouvida. Ele não confirma, mas já é dada como certa a contratação do bom atacante Washington, que foi ídolo das tricoletes e no Atlético - PR e não estava sendo aproveitado no São Paulo. Além do atacante (setor carente no time), a volta da cria da Colina, Felipe, cairá como uma luva no meio-campo vascaíno, senão perder-mos os dois únicos craques do elenco atual: o capitão Carlos Alberto e o jovem Phillippe Coutinho.

Nesta terça-feira (08/06) também foi ventilado um pré-contrato com o lateral-direto do Cerro Porteño, Júlio Cézar Irrazábal. Em alguns vídeos na internet pude ver o atleta em ação e gostei. Para a posição temos Élder Granja (que é horroroso) e Fagner, que é bom de bola, mas passa mais tempo no estaleiro que em campo. E uma das características desse possível reforço que me agrada (e muito), é em um fundamento que está escasso: o cruzamento. Como cruza bem esse rapaz! Vi cruzamentos milimétricos, o que pode ser uma arma fatal para Washington e Élton, dois excelentes cabeceadores. Com certeza dará samba. Além disso, o paraguaio ainda entra bem na área e arrisca jogadas de ataque (com habilidade) como um clássico ponta-direita.

Ainda faltará um atacante para jogar fora da área. Está sendo falado também na contratação de Éder Luís, Magno Alves e outros. Precisamos de um atacante brigador e com habilidade em conduzir e passar a bola (fazer o que Élton e Washington não fazem), aí sim teremos (lembrando, se acontecer) finalmente um ataque que faça sua função básica: gols. Lembra-me Edmundo e Evair, o Animal deixando os zagueiros loucos e Evair, qualquer bola que chegasse nele dentro da área, era gol certo.

Um possível meio-campo com Felipe, CA19 e Coutinho daria munição suficiente para esse ataque. Na esquerda, Ramon, titular absoluto (Ernani não engana ninguém), precisa ainda aprender a cruzar. Quem sabe Felipe ensina o garoto?

Souza terá um papel importante neste possível time. Ficará responsável em dar velocidade aos contra-ataques e joga muito bem quando tem ao seu lado um companheiro que saiba trocar passes rápidos e corretamente. Nilton também será muito importante. Vejo nele potencial para ser o nosso antigo Amaral (Caolho) daquele time glorioso, um leão em campo, que não aparece para o público, mas tem papel fundamental para o time, principalmente protegendo a zaga.

E por falar em zaga, a meu ver só temos o Dedé, que vem ganhando espaço e moral com o treinador e a torcida por conta de boas apresentações. Falta ao lado do garoto um zagueiro experiente para dar tranquilidade, já que ele se desespera em contra-ataques rápidos. Veríamos novamente uma nova dupla como Odvan e Mauro Galvão?

No gol Fernando Prass e suas saídas malucas do gol e a sua incapacidade em defender pênaltis me irritam bastante. Mas para mim o problema maior não é dele, e sim de seu treinador. Carlos Germano não era especialista em pegar pênaltis. Voto em trocar o treinador de goleiros, pois Tiago e Prass tem capacidade para se tornarem facilmente ídolos do gol. Estaríamos muito bem servidos. Tiago sairia em vantagem, pois já foi ídolo e ainda bate pênaltis (perdemos pênaltis importantes este ano) e faltas, outra deficiência no time, não tem um especialista neste fundamento.

Sinto, sinceramente, cheiro de título brasileiro no ar. Claro, se tudo se concretizar e contratarmos mais algumas peças de reposição de bom nível e dispensarmos um monte de barangas que ainda arrastam consigo o espírito da série B.

Como diz minha mãe, "a situação faz o ladrão". Neste caso, a situação poderá fazer de Dinamite o campeão. O presidente teve que ir contra o seu discurso irritante de "confio nesse elenco", "não temos dinheiro para contratar", "é culpa do Eurico", e assumir, finalmente a cadeira para qual foi eleito e tentar elevar o time à altura do clube.

Há tempo para reverter à situação e ele sabe o que é necessário fazer. E realmente espero que o faça. O Vasco só tem a ganhar. A instituição, em um primeiro momento, ganhou com a eleição de Roberto, mas ele quase coloca tudo a perder por conta do time. Lembrando que Clube e Time são coisas distintas, mas relacionadas. O Clube é imenso, precisaria de incontáveis dinamites e euricos para derrubá-lo; já o time estava no caminho certo para a autodestruição.

Amém!

sábado, 8 de maio de 2010

Discurso e prática. Analisando o passado, o presente e o futuro

"Alô galera. Alô família vascaína. Esse momento é um momento muito especial, não só para a nossa chapa, mas acho que para todos vocês, toda a família vascaína, porque precisamos, queremos e temos condições de dar a vocês, torcedores do Vasco, aquilo que esperam de uma boa administração, que são os títulos, ver um Vasco forte, competitivo e, se Deus quiser, e ele está querendo, um Vasco campeão. Precisamos do apoio e incentivo de todos vocês. Aquelas pessoas de bem, que querem e podem dar a sua contribuição, que venha para junto de nós. Vamos saber respeitá-lo, ouvir as pessoas, para que a gente possa realmente ter um Vasco forte, competente, mas, acima de tudo, um Vasco mais humano. Nós, a nossa chapa, que tem também grandes vascaínos, grandes nomes, pessoas que já deram e fizeram muito pelo nosso Vasco, e hoje estão aqui, junto com todos vocês, para que a gente possa realmente mudar essa história do Vasco nesses últimos anos. Queremos sim, administrar com competência, respeitar e ser respeitado, para, acima de tudo, ter uma relação com vocês, de respeito, porque levo e tenho isso na minha vida. Joguei 20 anos no Vasco e sempre tratei todo mundo com muito respeito. É isso que peço a todos vocês. A vida de cada um de nós é uma troca. A troca que peço a vocês hoje é isso. Vamos amar e respeitar o nosso Club de Regatas Vasco da Gama. Agora vamos dar aquele grito que é tradicional. Ao Vasco nada? Tudo. Então como é que é, que é, que é? Casaca. Casaca. Casaca, zaca, zaca. A turma é boa, é mesmo da fuzarca. Vasco, Vasco, Vasco!".


Para quem não lembra, esse foi o primeiro discurso de Roberto Dinamite, logo após ser eleito presidente do Vasco da Gama, no dia 28 de Junho de 2008, precisamente as 2h30min da manhã, quando o pleito terminou levando o ex-jogador cruzmaltino ao posto que se encontra hoje.

Ele, Roberto, está próximo de completar dois anos à frente do Vasco da Gama e muito aconteceu desde então. Gostaria de debulhar nessa coluna o seu primeiro discurso como presidente do clube, comparando todo esse tempo que já ficou para trás, com o que aconteceu. Vamos lá.


Momento Especial



“Esse momento é um momento muito especial, não só para a nossa chapa, mas acho que para todos vocês, toda a família vascaína”


Realmente foi um grande momento a vitória de Dinamite naquele pleito tumultuado que retirou do poder o maior câncer que já esteve dirigindo do Vasco; o ex-presidente Eurico Miranda. Nossa torcida vinha muito desacreditada, sem títulos há cinco anos, com montagens de elenco recheadas de jogadores medíocres e campanhas pífias em quase todas as competições que entrava, salvas raras exceções. A maioria dos vascaínos clamava por mudanças. E a esperança no novo ídolo tornou aquela madrugada longa.

Eu mesmo fiquei acordado de ouvido no rádio à espera do fim das eleições. Com a vitória de Dinamite, a expectativa da torcida aumentou e a luz do fim do túnel finalmente aparecera. Afinal, o ídolo máximo da história do clube – que também sofreu nas mãos da antiga administração – tinha realmente alma e sangue cruzmaltinos, eterno clamor da torcida que colocava isso me xeque a cada tropeço da antiga diretoria.


A queda


O inevitável rebaixamento foi o primeiro grande desafio em relação ao futebol, enfrentado pela diretoria. Mas a torcida se colocou à disposição a cada pedido de incentivo do presidente, lotando estádios, comprando camisas, associando-se, lutando com o time a cada jogo, com isso, a já esperada volta à elite se consolidou. As circunstâncias não possibilitaram ao novo presidente por em prática suas palavras, de “ver um Vasco forte, competitivo e, se Deus quiser, e ele está querendo, um Vasco campeão”. E não me diga que foi campeão da série B, pois aquele pesadelo era obrigação e não foi título, e sim acesso.

Se pudéssemos colocar um placar entre Dinamite x Torcida, cada um fazendo sua parte, tendo dentro de suas possibilidades, diríamos aqui que deu empate. A torcida fez a sua parte, e a diretoria, apesar das circunstâncias, montou um time vencedor, da série B, mas cumpriu sua obrigação.


Competência, respeito, blá blá blá...


“Queremos sim, administrar com competência, respeitar e ser respeitado, para, acima de tudo, ter uma relação com vocês, de respeito, porque levo e tenho isso na minha vida”


Competência. Felizmente o Vasco conseguiu após anos um contrato de patrocínio aceitável de acordo com sua grandeza. A Eletrobrás veio graças ao competente grupo que Dinamite montou em sua diretoria. Investimentos, programa de sócio, contrato decente com fornecedora de material - lembre-se também da trapalhada histórica da Champs – e tudo o mais para reestruturar financeiramente o clube foi feito. Dinamite 2 x 1.

Demora na obtenção das Certidões negativas para receber o patrocínio estatal? Contrato horroroso com o Habbib’s – feito por Eurico – e nem na justiça consegue se desvencilhar, venda de jovens craques (Alex Teixeira, Allan Kardec...) e cadê o retorno desse dinheiro? Dinamite 2 x 2 Torcida. E os casos de Élton e Ramon? Dois jogares importantíssimos na campanha de 2009, deixa-os sair e depois volta para buscar? Sem falar no técnico Dorival Jr., que afirmou categoricamente que não queria sair, e mesmo assim a diretoria manteve seu discurso de “equilíbrio administrativo”, e paga salários enormes à atuais jogadores que não correspondem em campo, vide o peculiar perna-de-pau Élder Granja? O que parece é que o projeto era bom desde o início, mas o comandante da Nau Vascaína perdeu o leme.

A trupe do Dinamite está sem rumo, e o Vasco parece estar voltando para um caminho já conhecido pela torcida, o qual tinha depositado suas fichas em seu ídolo-presidente para nunca mais pisar na antiga, tortuosa e sofrível estrada.


Trocando seis por meia dúzia


“A vida de cada um de nós é uma troca. A troca que peço a vocês hoje é isso. Vamos amar e respeitar o nosso Club de Regatas Vasco da Gama”


No primeiro momento, a torcida trocou o sofrimento pela esperança; depois a vergonha do rebaixamento pelo amor infinito; em seguida os pedidos da diretoria por colaboração e prontidão; o dinheiro suado por apoio financeiro; e muitas outras trocas. Porém, a pior delas pode estar por perto se a recuperação da grandeza do Vasco não acontecer. A percepção que a troca da diretoria não passou de um velho jargão do futebol: a troca de seis por meia dúzia. Levando ao nosso placar fictício de volta à estaca zero.


Placar final: Dinamite 0 x 0 Torcida. Traduzindo: Vasco sai perdendo novamente.

sábado, 3 de abril de 2010

Ôô Juninho, tá me ouvindo?


Juninho Pernambucano parece não escutar o clamor da torcida vascaína. O nosso último ídolo em atividade, remanescente de uma série histórica de conquistas afirmou que há “90% de chances de continuar no Catar”, frustrando a massa cruzmaltina mais uma vez. Entendo, de verdade, a opção dele. Lá realmente “tem menos pressão”. Se acertar cinco cruzamentos, ou fizer duas assistências e quem sabe um gol em qualquer partida, será sempre respeitado, afinal, o futebol dos Emirados Árabes tem um nível muito baixo em comparação à habilidade do craque.

Por outro lado, aqui no Brasil, errou três cruzamentos e não rendeu o esperado em uma partida e pode-se ouvir o zum-zum-zum nas arquibancadas, com muitas críticas. Aqui não é como lá. Isso é indiscutível. Pressão faz parte do cotidiano dos jogadores que atuam no futebol tupiniquim. No Vasco, a torcida incentiva muito, até pega menos no pé do que em outros times. Só protesta mesmo quando a situação está bem crítica (vide caso Dodô).

Juninho está mal-acostumado (no bom sentido) com uma carreira vitoriosa. Saiu do Vasco como bicampeão brasileiro (1997 e 2000), campeão do Torneio Rio-São Paulo (1999), campeão da Taça Libertadores da América (1998), campeão do Campeonato Carioca (1998) e campeão da Copa MERCOSUL (2000). No Lyon a rotina de títulos se manteve, foi hepta- campeão seguido (de 2002 a 2008). E em apenas uma temporada no Al-Gharafa do Catar já foi campeão nacional e da Star Cup. Pressão??? Não existiu na carreira do craque. De 1997 (início no Vasco) até hoje, só não ganhou títulos em 2001 e 2009.

São tantos títulos na carreira que me pergunto se ele tem norral em falar de “pressão”. E outra, ele está no patamar de ídolo eterno da torcida. Edmundo, ídolo com o mesmo status de Juninho, perdeu pênalti em mundial, entre outros fracassos, atuando pelo Gigante da Colina, e não me recordo de ter sido vaiado nas arquibancadas. O que quero dizer é que o Pernambucano pode vir tranquilo se a única preocupação for a “pressão” da torcida.

Lendo também as entrelinhas da entrevista de Juninho, vi uma verdade dura e incontestável: “Vasco da Gama é a minha antiga equipe, que passa por dificuldades há 10 anos”. Ano passado, quando a diretoria tentou trazê-lo para a reestruturação do “novo Vasco”, estávamos na segunda divisão. O clube voltou à elite do futebol. Não precisamos de Juninho, mas também, não seguimos o exemplo de sucesso de outros grandes que caíram e se reestruturaram no ano seguinte. Não montamos um time de ponta. Talvez, se a diretoria tivesse realizado contratações de peso, formando um time mais consistente e competitivo, facilitaria a vinda do ídolo. Mas isso não é desculpa, e darei exemplos:

Juninho não quer manchar sua carreira vitoriosa na sua despedida do Vascão, como fizeram Pedrinho e Edmundo em 2008, fechando um ciclo de conquistas com um vergonhoso rebaixamento. O coração de Juninho quer voltar, mas a razão não deixa; palavras dele. Para a torcida sempre valerão os atos de seus ídolos, que forem movidos pela paixão. Se Edmundo agisse com a razão em algum momento, não seria o ídolo que é. Ídolos de verdade, Juninho, sempre se comportam como a sua torcida, movidos pelo coração, independente de credo e cor.

Edmundo e Pedrinho são exemplos disso. Serão ídolos eternos, pois não fugiram à luta. Doaram-se com o coração, de peito aberto na dor e no amor. Acovardar-se será sempre mais desastroso perante seus fãs do que tentar.