segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Pensando além da perda da Taça Guanabara


Mais uma vez o Vasco deixa a desejar em uma final. Apesar de ter sido apenas uma batalha perdida, e que a guerra ainda não acabou, a sensação é de que algo continua errado. Errado com os torcedores, e principalmente com o clube. Nos últimos anos, dez deles para ser mais preciso, os torcedores se “acostumaram” com times medíocres, que entravam em competições para, quem sabe, surpreenderem e galgar um título. Mas o que está errado com o torcedor, na minha humilde opinião, é que nos acostumamos com isso. A mulambada ganhou quase todos os estaduais e um brasileiro na última década. Fora a Copa do Brasil em cima do Gigante da Colina (Ah Valdir Papel!).

O que quero dizer é que o clube acostumou mal seus torcedores. A mudança na direção do clube aconteceu e com ela veio a esperança. E também um discurso que já sabíamos: “O clube está falido”. Mais uma vez, assim como construímos nossa casa, acreditando no ideal maior do Vasco, nos unimos e ajudamos muito a reerguer nossa maior paixão. O time caiu? Apoiamos, lotando estádios, incentivando e cantando aos quatro cantos, demonstrando todo o nosso amor. O problema é a falta de sócios? Mais uma vez demonstramos que para essa torcida, nada é improvável, e o número de sócios aumentou mais de 30 vezes (claro, tirando as divergências no número exato).

Atualmente, para o torcedor vascaíno basta somente apontarem uma pequena luz no fim do túnel da esperança, que nos unimos e vamos todos correndo, batendo no peito com o mesmo amor do Juninho Pernambucano na final da Mercosul (que também completa 10 anos esse ano)em busca de ver nosso clube de volta a seu lugar, entrando em competições entre os grandes favoritos, senão apontado pelos mais audaciosos (e conscientes) jornalistas e críticos como o favoritíssimo ao título da competição.

Já passamos pelo pior ano passado. A diretoria demonstrou galhardia em montar e conduzir o time na série B, e a torcida cumpriu primorosamente seu papel. Porém, agora é hora da diretoria fazer sua parte. Entendo perfeitamente que os desafios administrativos e financeiros são grandes. Compreendo o discurso de pé no chão, de não fazer loucuras econômicas e tudo o mais. Porém, com este time que não consegue ser superior a frágil defesa do Botafogo em uma final de Taça Guanabara, traz de volta o receio do time mediano dos últimos dez anos. O jogador deve merecer jogar no clube, e leia-se Dodô, que mesmo não tocando na bola, é mantido até o apito final.

Lembro-me da década de 90. Quando os adversários tremiam quando tinham que enfrentar o Gigante da Colina. Jogadores de todos os setores causavam respeito. Não estou culpando os jogadores atuais. Não todos eles. Mas o Vasco tem que ter time para meter medo em qualquer competição que entre, e não apenas para tentar ganhar. O Vasco não é qualquer time. O Vasco é Gigante, e veio perdendo seu posto ao longo dos últimos anos. O discurso inicial era de reerguer o clube, e nós, torcedores, fizemos a nossa parte. A nova diretoria vai completar dois anos (não me venha com o discurso que é pouco tempo) e não vejo sinal de uma recuperação forte. Está sendo lenta, e quem sofre com isso é o torcedor, que corresponde a todos os sinais de esperança e não recebe nada em troca. Futebol é resultado.

Clubes no vermelho são praticamente todos no Brasil. O Vasco não precisa pagar todas as suas dívidas para voltar a montar times campeões brasileiros. Nossos grandes ídolos são poucos ainda em atividade. Juninho Pernambucano é o último remanescente, e prefere jogar longe a voltar. E quando voltar, se voltar, vai ser para também se aposentar. Tomara que se vier este ano para o Brasileirão, que seu último jogo vestindo a cruz de malta não seja igual ao do Edmundo, manchando uma carreira brilhante, enquanto o flamenguista (e ótimo ator) Romário, tem até estátua atrás do gol.

A torcida já enxerga o estadual como torneio medíocre. O que é medíocre mesmo é não conseguir nem ganhar o Carioca. Pior ainda é saber que não tem time suficiente para disputar nada até o fim, ficando sempre pelo caminho. O Vasco tem que entrar em torneio de purrinha para vencer. A diretoria tem que apressar essa reconstrução. Quando montou um time mediano para sair da Série B, foi aceitável. Mas isso ficou para trás. Agora é com a elite que vamos lidar, e temos que ser elite. A torcida fez sua parte, como a dos gambás também fez, e lá, a diretoria compreendeu e também cumpriu seu papel, falta a de cá fazer o mesmo. O torcedor não tem que ir ao estádio “aturar” certos jogadores que não teriam vaga no time da minha cidade aqui no interior do Rio. O torcedor merece respeito, pois quando foi solicitado, correspondeu. O Dinamite tem um quadro mil vezes mais favorável que o Eurico Miranda. Tem receita, patrocínios, equipe administrativa competente e a torcida ao seu lado, então, qual a desculpa?

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